segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Meu Poeta

"O medo de sofrer é pior do que o próprio sofrimento.
E nenhum coração jamais sofreu quando foi em busca de seus sonhos.
O coração tem razões que a própria razão desconhece."




Ela adorava aquele autor, é o mínimo que se podia dizer. Não exatamente por ele, mas pela sensação que ele lhe causava, pela tradução do sentimento que ela buscava com tanta vontade. Era como se aquelas letras impressas nas folhas alvas do livro criassem vida se tornassem as mãos daquele homem em sua pele clara.

Na meia luz do seu quarto de menina ela lia com a respiração suspensa, enquanto suas mãos delicadas buscavam o calor da sua paixão entre suas pernas. Em cada frase via a descrição do amor que sonhara, em cada página sentia como se mãos invisíveis explorassem cada segredo do seu corpo. Sentia tesão não por uma forma, mas por uma idéia, e enquanto o vai-e-vém dos seus olhos acariciavam as linhas duras e precisas...

Queria de toda maneira conhecer aquele homem-poeta que lhe causava essa mistura de sensações, não por necessidade física, mas por urgência intelectual. Precisava de explicações lógicas e razões metafísicas. Um dia ainda se apresentaria para ele não como mulher, mas como adolescente confusa a admirar secretamente um professor inatingível. Escrevia-lhe cartas imensas que nunca postava e que iam parar dentro de suas gavetas, pois precisava sobretudo expurgar aqueles demônios que a atormentavam noites adentro.

Era tomada cada vez mais por sonhos eróticos e vontades luxuriantes que nunca tinha imaginado. Tinha-o como um Deus e imaginava que ele a tomava em seus braços fortes e de algum modo a hipnotizava, pois ela não teria nenhuma reação. Sua mente era tomada por imagens daquela boca divina que nunca proferira uma só palavra, a sugar cada gota de excitação que escorria de seu sexo. Em seus delírios não sabia se deveria se mexer, esfregando seu quadril desesperadamente naquele rosto que não conhecia - não sabia o que pensar, não conseguia formar a imagem daquele homem-poeta em sua mente, ou se simplesmente deixava seu corpo relaxar para sentir cada toque daquela língua que conhecia todos os seus mistérios...

Noite adentro sonhava ser acorrentada a uma parede, oferecendo seu corpo em sacrifício às vontades daquele poeta envelhecido por anos de paixões infrutíferas. Sim, ele poderia fazer com ela o que bem quisesse, só pelo prazer de saber que em seu próximo livro a protagonista seria ela. Seu cobertor escondia as obscenidades a que se submetia todas as madrugadas, enquanto sua mente alucinada a fazia acreditar que seus dedos, eram o membro duro e latejante daquele Deus que agora se tornava um demônio...

Sua loucura fazia com que suas mãos fossem as mãos dele e ela gozava a cada banho, fazendo com que seus gemidos se misturassem com o vapor d'agua. Enquanto escovava seus cabelos era devorada por idéias sujas e ela se entregava aos seus desejos apoiada na pia, se arqueando para que seu poeta imaginário pudesse lhe possuir.... Satisfeita, olhava no espelho e imaginava ele acariciando seus seios e beijando sua nuca, proferindo sussurros que a fariam sentir a mais amada das mulheres.

Em uma tarde tomou coragem e, armada apenas do novo livro do seu amante imaginário, foi encontrá-lo em uma noite de autógrafos. Sua mente perambulava entre coquetéis e champanhe enquanto o autor não surgia, mas não conseguia atribuir nem um rosto e nem um corpo a ele. Talvez fosse velho demais e arqueado pelos anos. Talvez fosse um Deus a descer aquelas escadarias com luzes cintilantes que iriam cegar a todos. Talvez mesmo fosse um demônio que iria seduzir as mulheres e causar ira nos homens.

Mas quando ele surgiu, ela percebeu que ele era apenas um mortal como outro qualquer... Não seria identificado na multidão se não fosse ele a razão da festa. Um rosto comum, um corpo normal. Percebeu nele uma timidez sedutora naquele sorriso de canto de boca enquanto assinava dedicatórias nos livros que iam surgindo à sua frente.

Quando finalmente ela depositou o livro em suas mãos e ele perguntou qual era o seu nome, ela só conseguia sorrir. Lembrou de seus sonhos e precisou controlar a excitação que crescia. Os olhos dos dois se encontraram e ela sabia que aquele poeta seria só seu, para sempre...

4 comentários:

Anônimo disse...

Boa tarde Giovanni querido, como é bom poder vim aqui em seu blog e contemplar tamanho amor, essa sua musa deve ser mesmo merecedora deste amor todo, muita de nós mulheres vivemos uma vida inteira e não recebemos o carinho e o amor que você coloca em seus versos, feliz da mulher que recebe esse amor todo nos dia atuais, hoje em dia é tão raro ver um homem falando de amor e colocando para fora tudo que seu coração sente, ao ler seus versos me coloco por alguns segundos no lugar de sua amada e por milésimos de segundos sinto a força desde seu amor, vocês dois são um exemplo de perseverança para muitos casais que mesmo estando um do lado do outro nem um bom dia com carinho se trocam. Parabéns Giovanni

Rosangela

Layouts e Templates disse...

Oi Giovanni.
Em primeiro lugar, reparei logo nas pequenas alterações que fez na imagem do seu blog. Pequenas, mas que o deixam mais especial.
Gostei desse texto e louvo esse seu amor por essa mulher tão especial.
Beijos.

Giovanni Leandro disse...

Boa noite amigas e obrigado pelo vossos carinhos... Mas Rosangela quando se tem um oceano no nosso meio só me resta tentar colocar tudo que o meu coração sente em formas de palavras e para ser franco mts das vezes não consigo colocar todos os sentimentos que sinto ...Obrigado por sua visita anjo.

Obrigado Maria, esta pequenas mudanças são graças a uma formatadora amiga que me presenteia todas as semanas com uma capa nova assim eu posso esta mudando a cara do blogg conforme o pôster rsrs Obrigado pela sua visita...

Layouts e Templates disse...

Giovanni, passei para lhe desejar um bom fim-de-semana e para lhe dar a conhecer o meu mais recente blog: http://www.asmaislindasimagens.blogspot.com
Beijos.