segunda-feira, 25 de maio de 2009

Nuvens de Algodão

"O medo de sofrer é pior do que o próprio sofrimento.
E nenhum coração jamais sofreu quando foi em busca de seus sonhos.
O coração tem razões que a própria razão desconhece."


A fumaça do cigarro entre aquele menino e seu monitor formam nuvens de algodão-doce como aquelas que aparecem todos os dias bem ali em cima daquela casinha entre a montanha e o mar.

Vou ter que parar de fumar, "pensa"... Ainda bem.

Na noite alguém dirige pensando, pensando, pensando e aquela fileira de luzes forma um ritmo frio e triste no pára-brisa.

A mesma luz de Paris, São Paulo, Barcelona ou até mesmo Nova York com suas luzes multicoloridas. (Multicolorido... E, aquele menino pensa que até nisso ela é especial) A mesma luz que se transforma em luz de velas ofuscadas pela fumaça do incenso quando você aparece com seu vestido de malha e sandália de tira, cabelo bagunçado naquela mesma casinha entre a montanha e o mar. "Me diz, qual foi o anjo que desenhou teu sorriso?"

E ela sorri naquela noite fria e ele sorri nessa noite esfumaçada sem saber o motivo exato. E às vezes ainda fecham os olhos quando cantam juntos e dançam e se beijam naquela cama entre a montanha e o mar.

"E surge a música que ele ouviu a tarde toda..."

Elle a fini par se lasser
De cette vie de ce métier
Des éternels aller retour
Entre le travail et l'amour

Puisqu'elle se tourne vers toi
Essaie de l'aimer mieux que moi
Moi je n'ai pas su la comprendre
Je n'ai jamais su être tendre
Elle éteint ma plus belle histoire

Je n'ai pas su la raconter
Me reste mes rêves de gloire
Mais j'ai plus envie de chanter
Protège-la elle est fragile
Prends garde a ne pas la faire pleurer

Elle me quitte ainsi soit-il
Essaie au moins de bien l'aimer
Prends bien soin d'elle
Prends bien soin d'elle
Prends bien soin d'elle
Sois lui fidèle

Prends bien soin d'elle
Qu'importe qui elle aime pourvu qu'elle soit aimée
Si je l'aime quand même je me ferai discret
Qu'importe qu'elle s'en aille je serai bon perdant
J'aurai beaucoup moins mal si tu l'aime vraiment

Prends bien soin d'elle,Claude Barzotti

A todos uma linda semana!!

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Um Brasileiro

"O medo de sofrer é pior do que o próprio sofrimento.
E nenhum coração jamais sofreu quando foi em busca de seus sonhos.
O coração tem razões que a própria razão desconhece."


Dormindo há 12 anos na rua, um homem passava os dias estudando sozinho e acabou passando no concurso.

Hoje, Ubirajara Gomes da Silva deve começar a fazer os testes exigidos para ser contratado como escriturário pelo Banco do Brasil. São testes de saúde e uma entrevista que funciona como teste psicológico. Nele, Ubirajara terá que contar a sua vida. Até a madrugada de ontem, ele não sabia que história contaria. Tinha medo de contar a verdade. Uma verdade que ele mesmo considera inacreditável.

Há um ano, Ubirajara foi aprovado no concurso do Banco do Brasil. Ficou na 136ª colocação no Recife. Eram mais de 19 mil candidatos. Na última semana, finalmente, foi convocado para assumir o cargo. Porém, Ubirajara sequer tinha um documento. Nem a certidão de nascimento. Este homem praticamente não existia para a sociedade. Ele mesmo se sentia “invisível”, talvez até “irreal”. Isso explica porque durante a entrevista para esta reportagem, Ubirajara perguntou várias vezes que impressão estava causando. “O que será que as pessoas vão pensar de mim?”, questionava, com a insegurança de quem está se sentindo real pela primeira vez na vida.

Há 12 anos, Ubirajara da Silva mora pelas ruas do Recife.

A mentira

Ubirajara nunca conheceu seus pais. Foi abandonado dias depois do seu nascimento e cresceu em um orfanato. Lá, dormia com dezenas de outras crianças com histórias parecidas com a sua. Com sonhos iguais aos seus. Esperavam pelo milagre da adoção, talvez pelo arrependimento dos pais; por dias melhores. Até crescerem. Até descobrirem que esses tais dias melhores não viriam. Aos 18 anos era hora de deixar o orfanato e tentar a vida nas ruas. Na rua por onde todos passam, Ubirajara ficou. Uma história que se repete pelas esquinas, pelos bancos de praça, pelos viadutos de qualquer grande cidade. Uma história que - dentro da realidade social do país - poderia ser até considerada comum. Poderia se não fosse à história de Ubirajara. Poderia se fosse verdade.

A esquina

00h10. O jogo da seleção brasileira acabara havia poucos minutos e o fluxo de carros era um pouco maior do que o habitual para um início de madrugada em uma das esquinas mais nobres do Recife, entre as rua das Pernambucanas e da Amizade, no bairro das Graças. Naquele horário, o único movimento era o dos carros. Dificilmente passaria alguém caminhando pela calçada. E era justamente por isso que Ubirajara estava ali. Naquela esquina, ele passaria a noite. Dormiria. Era o seu endereço. Sua casa. Há 12 anos, ele vive na rua. Era uma criança de 15 anos, perdida. Hoje é um homem de 27 que, finalmente, parece ter encontrado os tais “dias melhores”.

Sentando no pequeno batente de uma farmácia que fica fechada entre as 22h e às 6h30, ele começa a contar a sua vida. “Minha história é inacreditável”, adianta. Com razão. É tão inacreditável que ele costuma mentir sobre sua origem. Prefere contar para as pessoas a versão que abriu essa reportagem. O drama comum do menino abandonado que cresceu em um orfanato. “Conto isso porque sei que é uma versão mais fácil de ser aceita”, confessa Ubirajara.

Por quase duas horas, ele continuaria contando a sua verdadeira história. Uma espécie de conto de fadas moderno. Aparentemente uma das muitas histórias sobre a miséria de um país e as suas conseqüências trágicas na vida de uma pessoa, na desestruturação de famílias, nas distorções das formas de relacionamento.

O pedaço de papel

Um rato passou a alguns metros e logo desapareceu. Dois meninos vieram pela calçada com garrafas de cola em uma mão e um pedaço de madeira afiado em outra. Sumiram no escuro. A chuva começou a cair. Ubirajara encolheu as pernas e protegeu sua pasta entupida de papéis e suas duas sacolas de plástico. Numa delas, um pouco de comida. Na outra, alguns itens de higiene pessoal. Ele não tem sequer uma escova de dentes. Da pasta, tira um pedaço de papel com marcas de dobras. No alto da página branca, a marca do Banco do Brasil. Um pouco abaixo, o nome completo de Ubirajara e alguns números. Um deles era 136. Aquele morador de rua encolhido no batente de uma farmácia havia sido o 136º colocado no concurso do Banco do Brasil.

A família

“Quem diria que aquele retardado seria funcionário do Banco do Brasil?”, pergunta Ubirajara, em tom de orgulho. Realmente, ninguém jamais diria que um jovem que viveu 12 anos na rua conseguisse ser aprovado em um concurso público tão disputado. Concursos que se tornaram uma espécie de projeto de futuro para parte significativa da sociedade - alimentando uma verdadeira indústria de cursos preparatórios. Mas o “quem diria” de Ubirajara, na verdade, não era uma pergunta. Era uma resposta para alguns dos seus familiares. Pessoas que sumiram da sua vida desde o dia em que ele resolveu sair de casa. “Essa é a parte da minha história que eu queria esquecer”.

00h40. Ubirajara está chorando. Pela primeira e única vez naquela madrugada. “O que eu realmente queria era ter tido minha mãe perto”, diz enquanto passa a mão nos olhos vermelhos. O desabafo aconteceu enquanto ele contava a sua infância. Filho de uma garçonete com um PM exonerado, foi deixado de lado pelos dois. Mas não totalmente abandonado - como na história que escolheu contar. Na verdade, o menino foi criado na casa da sua avó materna, junto com mais quatro irmãos, em Paulista. Tinha uma condição de vida precária, mas digna. Pobre, não miserável. “Quando as pessoas sabem que eu tenho pai e mãe ficam revoltadas comigo por eu estar na rua. Me culpam. Ficam me julgando como se eu fosse um maluco ou um rebelde. Como se eu tivesse escolhido isso. Mas não é uma escolha. Você acha que eu não queria estar em uma cama agora?”

As primeiras noites na rua

Ubirajara relata constantes agressões físicas e psicológicas que sofria na casa da avó. De lá veio o termo “retardado”, que ele não esquece. Aos 15 anos, costumava fugir de casa. Aos poucos, as fugas eram cada vez mais longas. Cada vez mais sem rumo. Longe de casa, sem dinheiro, começou a dormir pelos cantos. Primeiro, na Avenida Guararapes. Depois, na rampa do Hospital da Restauração. Ele resume essas noites em dois sentimentos: “medo e solidão”. Sentimentos que parecem capazes de resumir as piores noites da vida de qualquer pessoa. No caso dele, não eram as piores. Eram todas.

A virada

Ubirajara estava na 6ª série quando saiu de casa. E, nos primeiros anos sem teto, o seu único objetivo era sobreviver. E não há exagero ou qualquer tom heróico nessa afirmação. A vida na rua tem suas regras. Suas leis. O cotidiano das calçadas não permite escolhas. Não permite pudores. Nem princípios. Não podemos esquecer que esta é, antes de mais nada, a história de um morador de rua. E, nesse ponto, por muito tempo, Ubirajara foi só mais um.

Um dos que pediam esmola, um dos que não cortavam o cabelo, dos que vestiam trapos, dos que sentiam fome, dos que precisavam fazer qualquer coisa para comer (neste caso, não se faz necessário detalhar o “qualquer coisa”). Violentado de todas as formas. Noites de culpa. Noites de dor.

Em 2001, o garoto decidiu voltar a estudar. Foi quando iniciou a reaproximação com os livros, as revistas e os jornais: “Tudo que parava na minha mão, eu sempre lia. Acho que esse foi o meu grande diferencial inclusive nos concursos”. Estudando nas ruas, Ubirajara passou nas duas provas de supletivo e recebeu o diploma do ensino médio. Ainda assim, continuou freqüentando os colégios. Continua, aliás. Por um só motivo: as merendas.

Preguiçoso?

A reaproximação com os pais ou com a avó nunca aconteceu. Ubirajara manteve contato apenas com os irmãos. Todos tiveram uma vida mais digna. Casaram, formaram família, conseguiram emprego. Em mais de uma década de rua, Ubirajara se acostumou a ser chamado de “preguiçoso” e de “teimoso”. “Minha teimosia é que fez com que eu não desistisse dos meus sonhos. Por mais que todo mundo me criticasse, eu continuei fazendo aquilo que eu acreditava”, resume.

No ponto de táxi do Mercado da Madalena, onde Ubirajara “morou” por um bom tempo, os taxistas o definem como um “rapaz honesto, que vivia estudando, não gostava de trabalhar e tinha um jeito de abestalhado”. Os dias de Ubirajara se resumiam a estudar. Às vezes, nas praças. Às vezes, em bibliotecas públicas. “Não tinha todos os livros, aí ia para a biblioteca, fazia rascunhos, copiava tudo e levava comigo esses papéis para todos os cantos”, conta. Ainda leva, na verdade. A tal pasta dele é repleta de anotações. Todos os tipos. Desde a sua mínima contabilidade (vive com algo entre R$ 2 R$ 5 por dia) até um projeto completo para abrir um negócio próprio. “Quero ser nanoempresário. Menor do que micro” diverte-se.

O futuro


A prova do concurso para escriturário do Banco do Brasil tinha 150 questões. Ubirajara acertou 116. Foi o quinto concurso que fez. Havia passado em outros quatro, mas nunca havia sido chamado. No início da semana passada, soube da convocação pela internet - onde vive quase que uma “vida paralela”. Tem perfil no Ortkut e participa de dezenas de fóruns “habitados” pelos “concurseiros”. É conhecido nesse meio pelo apelido de “Maior Abandonado”. Usa uma foto de Charles Chaplin. “Sou viciado. Procuro sempre lugares que tenham computadores públicos. Na internet, as diferenças diminuem, não me sinto distante de ninguém”, conta, fazendo uma analogia com a sua “invisibilidade” como morador de rua. “Estou aqui nessa esquina todas as noites? Ninguém vem aqui falar comigo. Você veio para me entrevistar. Mas você já tinha sequer me visto aqui?”, questiona. A resposta, constrangida, foi “não”.

E foi na internet, em um fórum de discussão para “concurseiros”, que Ubirajara resolveu expor um drama que vinha lhe consumindo em silêncio desde o dia que soube da convocação. Tinha uma dívida de quase R$ 8 mil por empréstimos que fez há anos. E a regra em órgãos públicos é clara: para a contratação ser efetivada, o candidato não pode ter o nome no SPC ou Serasa. Bastou o relato triste para estimular uma verdadeira corrente de ajuda. Uma mobilização virtual que não demoraria para se tornar real. Um amigo que fez na internet se dispôs a pagar parte da sua dívida. Algo em torno de R$ 3 mil. O restante, o próprio Ubirajara pagará em 60 meses com o seu salário (R$ 954, mas que somando outros benefícios pode chegar quase a R$2.000). Dinheiro suficiente para revolucionar sua vida. Para que os seus sonhos, pela primeira vez, possam ser chamados de “planos”.

“Minha vida é como a música de Cazuza: Dias sim, dias não… Vou sobrevivendo sem um arranhão. Da caridade de quem me detesta”.

A todos uma linda semana,
E muitos duvidam da capacidade de um Brasileiro!!!

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Mãe

"O medo de sofrer é pior do que o próprio sofrimento.
E nenhum coração jamais sofreu quando foi em busca de seus sonhos.
O coração tem razões que a própria razão desconhece."


"Beleza divina é ter o ventre abençoado, pra receber com todo amor o filho que será gerado.
É amar sem fronteiras, pelo instinto aflorado e viver intensamente, pelo filho tão amado.
Nem se vê e já se ama, esse pedacinho de gente que transforma nossa alma e mexe com o coração da gente!"

Quando eu era criança um amigo meu deu-me uma semente preta e vermelha e disse que, por meio dela, ele fazia viagens até Marte. Eu acreditava. E passava as minhas tardes tentando descobrir o ritual certo para fazer a tal viagem.

Quando eu era criança achava que os anões, quando nasciam, eram tão pequenos que deviam dormir em caixinhas de fósforos. E, para terminar, as crenças clássicas: por vezes imaginava que eu era adaptado e que o governo só não dava mais dinheiro para todos porque era mau, já que existia uma casa que fabricava dinheiro! E que se eu engolisse uma semente de laranja ia nascer uma laranjeira no meu estômago.

Quando eu era pequeno, tudo com que eu não podia brincar ou mexer a minha mãe colocava em cima do armário, então eu achava que lá no alto era cheio de coisas boas e ficava doido para crescer e poder pegar tudo!

Achava que se eu tapasse os ouvidos e falasse, ninguém ouviria!!! Ah, eu achava que só seria adulto quando sentasse no carro e os meus pés encostassem no chão. A minha avó falava que eu tinha que comer verduras para ficar loiro de olhos verdes. ( rsrsrs )

Eu acreditava que se ficasse olhando para a porta de noite, quando eu já estava deitado mas ainda não havia dormido, impediria a entrada das bruxas. Isto funcionou muito bem até eu pensar que bruxa entra até pelas paredes, pelo chão e pelo técto... Não sei como eu superei a limitação de olhar para todos os lados ao mesmo tempo.

Eu também acreditei que o sabonete Lux se transformaria em contato com a água em "um suave creme de limpeza"…

Quando eu tinha uns 4 anos, a minha mãe mostrou-me o álbum de fotos do casamento dela e eu chorei horrores quando percebi que não tinha sido convidado para a festa. ( rsrsrs )
Acreditava que meu avô já tinha nascido velhinho...

Eu acreditava, sempre que eu pedia algo para minha mãe comprar e ela dizia "depois eu compro..." que ela comprava mesmo! Eu achava que a Branca de Neve e o Chapeuzinho Vermelho eram pessoas de verdade.

Acreditava que em dia de sol e chuva realmente tinha um casamento de viúva envolvido...
Achava que tinha nascido de um pé de alface... ainda hoje não percebo porquê!
E não me arrependo de nada que achei ou acreditei … Te Amo Mãe!!!

Hoje o meu carinho é especial para todas as Mamães.