quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Presença

"O medo de sofrer é pior do que o próprio sofrimento.
E nenhum coração jamais sofreu quando foi em busca de seus sonhos.
O coração tem razões que a própria razão desconhece."


Queria ser estas letras e poder entrar nesse Mundo… e chegar de surpresa. Materializar-me diante de olhos estupefatos.

Queixamo-nos das injustiças. Queixamo-nos por estarmos vivos, e queixamo-nos das mortes em que muitos dias se transformam. E em cada uma delas, acontece o milagre das vidas, feitas apenas numa única vida, que vamos digerindo, apesar dos lutos de que nos vamos vestindo de quando em vez.

Parei de tudo... Membros, cabeça, olhar. Esqueço o branco do monitor e vejo um sorriso... Neste espaço de tempo, deixei de escrever e fico escutando esta música.

Depois de algum tempo aprendemos a diferença, a subtil diferença, entre dar uma mão e acorrentar uma alma. Então aprendemos que amar não significa apoiarmo-nos, que companhia nem sempre significa segurança, e começamos a aprender que beijos não são contratos e que presentes não são promessas.

Aprendemos que falar pode aliviar dores emocionais, descobrimos que se leva algum tempo para construir alguma confiança e apenas alguns segundos para destruí-la por completo.

Descobrimos que não importa aonde chegamos, mas para onde estamos a ir, mas se não sabemos para onde estamos a ir qualquer lugar serve.

Aprendemos que quando se está com raiva temos o direito de estar com raiva, mas isso não dá o direito de ser cruel.

Aprendemos que não importa em quantos pedaços o nosso coração foi partido, o mundo não pára à espera que nós o consertemos. Aprendemos que o tempo não é algo que se possa voltar atrás.

Descobrimos que a vida realmente tem valor quando estamos no leito de morte! As nossas dúvidas são traidoras e fazem-nos perder o bem que poderíamos conquistar, se não fosse o medo de tentar...

Comecei no entanto a aperceber-me que sempre que a noite chega, a solidão vem-me falar de ti. A saudade penetra no meu coração como um pouco de luar dentro da minha noite imensa e vai deixando aos poucos, o seu toque magnífico de beleza e suavidade, vai enfeitando de luz as flores mais singelas.

Assim é a saudade, assim é a minha saudade. Consegue transformar em beleza a tristeza infinita do presente longe de ti… porque traz para mim o encanto das horas do passado.

A saudade, a minha saudade traz o gosto imaginário de beijos de amor… traz o calor dos teus braços… traz o eco das tuas palavras doces…

Fecho então os olhos e começo a recordar… começo a pensar em ti que agora és a minha saudade.
Eu já não sabia que a saudade doía tanto. E quando dói, fico a olhar para as estrelas implorando que leve até ti esta minha saudade, para que venhas a correr para os meus braços.

A saudade… Ela é a própria amargura… o meu único alento, todo o meu sol, todo o meu luar… toda a minha vida… Mas bendita seja a saudade, graças a ela eu quase sinto a tua presença.

domingo, 18 de janeiro de 2009

Vento Norte

"O medo de sofrer é pior do que o próprio sofrimento.
E nenhum coração jamais sofreu quando foi em busca de seus sonhos.
O coração tem razões que a própria razão desconhece."

Navego por mares sombrios, perdido entre ondas num turbilhão de pensamentos constante... Mergulhado nas dúvidas, nas angústias e incertezas. Mas mesmo assim deixo-me navegar, entrego-me às tempestades e muitas vezes sinto-me sem força para vencê-las. Sem força para lutar, apenas me deixo levar pelas correntes, sem saber para onde vou nem se vou conseguir regressar.

Às vezes penso que sou tonto em me deixar vencer pelos medos, mas não consigo caminhar nesta terra que sinto pouco firme... Então lanço as velas e faço-me ao mar. Tentando encontrar uma terra que me dê mais firmeza, um mundo onde possa abrir a página da verdade e que me ofereça uma vida de esperança.

Às vezes tento esquecer o que de bom vivi, o que me foi oferecido e entregue com carinho sem cobranças. Tento apagar todas as lembranças dos amores vividos, dos sorrisos trocados. Tento lavar as feridas de quem magoei e partir para um novo mundo desconhecido, mas onde seja menos prisioneiro de mim mesmo.

Sei que nada me livrará deste sofrimento, do medo, das angústias e mesmo que suma no horizonte, encoberto num manto molhado pelo orvalho, sem me importar com o que deixo uma paixão por viver, uma vida pela metade, mas rumo para um mar desconhecido que pode estar coberto de gelo, ou ser suave sereno...

Só sei que preciso navegar velejar em auto mar, conhecer novos portos, novas pessoas e não sei se um dia voltarei ao cais, ou talvez um dia queira voltar e seja tarde demais.

Claro que esta minha vontade de partir não me impede de olhar para traz, e visualizar sem tocar em nada, e mesmo assim arrisco a partir antes que venha um vento Norte e destrua tudo à minha volta e já não tenha para onde ir ou ficar... Ao meu redor só a destruição, escombros deixados por um furacão que só deixou dor, me fazendo uma vitimas e depois de tudo destruído já de nada adiantarão as lágrima, para consertar as feridas, o abandono ou as mágoas... A vida dificilmente retornará à normalidade.

Sei que corro o risco de me afundar, e as minhas velas não agüentarem a força dos ventos, das marés, mas sei que preciso estar atento a todas as correntes para não ficar demasiadamente preso ao meu pequeno barco e assim perder oportunidades de conquistar um sonho chamado felicidade.

Será tarde demais?

Para dizer que lamento... Que são as pequenas coisas que contam... Que é a união que busco... Que ao abrir os olhos é a tua imagem que procuro!

É tarde demais?

Quando digo que quero ser livre como um pássaro... Não imagino uma vida de aventuras... Penso apenas viver... Com as flores que dão colorido à vida, Com o perfume que suavizam os sentidos... Com o prazer de olhar o céu azul... Do sol se deitando sobre o mar... Das noites banhadas pelo luar.

Será muito tarde?
Sei que pode ser loucura!

Mas os bens materiais envelhecem-se... Eu quero raízes... Para acordar com o orvalho da manhã.


Será assim, tão tarde? Não sei!

Para encontrar o que desejo... Estou ao sabor do vento sem monotonia... Às vezes sou a gaivota que gosta de voar entre as ondas do mar....Mas sempre à tua procura!

Vago pela noite... Viver ao sol como um pescador... Noite passada ao relento, tendo o colchão a relva e como cobertor as estrelas...

Nem que seja em pensamento...

Não quero deixar o meu corpo esmorecer na mágoa da esperança que me mantem vivo!

Se não tivermos mais tempo e Ainda assim a saudade bater à tua porta, Vê-me através de uma lua pálida... Me sentir no perfume do vento, Ouve-me nas cantigas a minha voz ... Ou me ouve no sussurro do mar.

Lembra-te que nunca é tarde demais, por isso deixo aqui escrito na esperança que nunca seja tarde demais para recomeçar e viver no presente em busca do futuro!